quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A simplicidade de não ser



É nas madrugadas que sentimos a falta de tudo que não temos. Nas madrugadas regadas a uísque e um cigarro querendo apagar que percebemos a nossa necessidade de ser menos. Isso mesmo ser menos. Menos dramáticos, menos sentimentais, menos controversos, menos, menos. A simplicidade é algo que nos assusta, preocupa-nos, nos faz sentir medo. Medo de tudo que parece fácil, tudo que nos completa, tudo que nos transforma. Talvez o amor seja simples, e por ser simples difícil de entender.
A complexidade do simples é paradoxal, é doentia a busca pelo complexo. Algo que nos tira o sono, que nos faz suar. O medo do simples nada mais é que um flagelo que impossibilita o ser, ser. “No fundo é fácil ser feliz, difícil é ser simples”. Na trilha sonora da vida buscamos os acordes mais complexos, e no tilintar da madrugada, nos deixamos levar pelas notas rebuscadas do silencio. Dói o amor, dói a dor de ser o que é.
Redigimos o poema chamado vida com tinta rubra de sangue. Amamos buscando o sofrimento, sofremos buscando o amor, e é essa busca que transforma nossa pacata existência, simples e sutil, num turbilhão de momentos quentes e intensos, frios e melancólicos, normais e excepcionais. Vivemos a viver, e deixamos a vida passar como o vento que sopra na brisa do mar, enquanto procuramos o inalcançável e esticamos nosso braço aonde a mão não alcança. Quem sabe amar é isso, buscar no outro a simplicidade que não encontramos em nós mesmos, ou o “eu no outro”. Necessitamos que aqueles que amamos sejam tudo aquilo que não conseguimos ser, e na implacável viagem da vida, o amor serve de consolo para falta que o próprio eu nos faz, sendo a figura do talvez predominante na nossa essência.
Talvez escrever bobagens nas madrugadas me acalme. Talvez o sentido do ser é não ter sentido, a resposta esteja na pergunta, e ela não deva ser feita. Talvez eu deveria ser mais simples, ser menos o outro, mais eu, e assim a simplicidade me faria mais feliz. Mas talvez eu não queira essa felicidade, e a complexidade me complete. Talvez na insana passagem da vida o inalcançável me excite, o fim me faça esquecer os meios e minha viagem não tenha fim, ou tenha e eu não perceba ele chegar, pois estou muito preocupado procurando-o. Quem sabe o menos não me preencha, o mais me transborde, o mais ou menos me enoje e o ilimitável me represente...

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A semente e o tempo

Erras quando procura o amor. O amor não se busca, ele nos acha, não se espera, ele nos espera, de braços abertos, mas no tempo dele, o amor é dono do seu tempo. Deve-se cultivar o amor como uma semente da mais bela flor, planta-o, rega-o e espera-o florescer, do jeito dele, quando ele quiser. A cada gota d’água, a cada raio de sol, não crie expectativas, essa palavra não tem espaço no vocabulário do amor, há sementes inférteis, amores que não vingam.

Sim, seja pessimista! Deixe pra surpreender-se com o que vier de bom. Sorria ao brotar timidamente da terra a primeira folhinha verde, ao despertar a primeira rosa, que explodiu com maestria e incrível delicadeza do mais sensível broto, sinta-se feliz quando ao amanhecer puderes inalar o perfume da tua rosa, que com a mais louvável paciência esperastes nascer. Sejas feliz com pouco, mas que esse pouco seja verdadeiro, seja seu, não chores pela semente que não vingou, não era pra ser, não era amor. 


                                                                                           Vinicius Souza

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Só, um ano...

Corre a madruga,
segundos viram horas,
minutos viram dias,
horas viram anos,
dias eternidades,
e o tempo passando...

Um ano, um sonho,
uma vida, um passado,
um jeito errado de sobreviver.

Um vinho, uma música,
a alma rasgada,
maldita madrugada,
tranquila, agitada
e o coração a mil,
sem nem saber porque.

O sono não chega e o dia amanhece,
o corpo estremece,
a mente padece, sem parecer.

Nada me acalma, a essência exala,
a minha existência, procura você.
E é só mais um ano,
uma hora, um minuto
E cada segundo, eu paro o meu mundo,
Que mundo confuso, eu quero descer...

                                                                             Vinicius Souza

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Sonhos e Sonhos...

Se os sonhos doces que eu sempre sonhei
Um dia eu não puder realizar
Se a vida bela que imaginei
De um belo sonho ela não passar
Essa palavra eu repetirei
Não custa nada acreditar
Sonhos e sonhos eu sonharei
Até que não possa mais sonhar
Pois sem um sonho nada serei
Preciso deles pra respirar
Até mil vidas eu viverei,
Se nos meus sonhos você está
E desse mundo eu partirei
Se com você eu não mais sonhar
Pois o meu sonho e te ter comigo
Mesmo nos sonhos só sei te amar...

                                                           Vinicius Souza



Dungeons & Dragons

Hoje eu vi e li, uma das coisas mais épicas da minha vida: O final de “Caverna do Dragão”. Já o imaginava, há muito tempo sonhei vê-lo, mas foi através das mãos do ilustrador brasileiro Reinaldo Rocha, que pude deliciar-me com um final acima das minhas expectativas, final esse carregado de emoção e de mistérios como sempre pensei, e que me fez escutar dentro de minha cabeça, a voz de cada personagem, o som de cada explosão, o som do medo, da descrença, e ao mesmo tempo, o som da esperança, que nunca morreu no coração daqueles meninos. Pude finalmente ver o rumo “final” dos seis jovens guerreiros, que juntos com um unicórnio, mudaram para sempre um reino marcado por guerras, escravidão, falta de esperança... Um reino de correntes.
Poderão me perguntar: Sim e daí? É só um desenho! Sim, sei que é só um desenho. Um desenho que inegavelmente marcou gerações, que nos fez viajar num mundo paralelo, que nos ensinou valores como a união, o companheirismo, o significado de verdadeiras amizades entre outros. Mas não irei entrar nesse mérito agora. A questão é a reflexão que tive com o ultimo episódio desse desenho.

Às vezes nos pegamos em batalhas constantes, nos vemos dentro de situações de extrema dificuldade, nos vemos sozinhos, desamparados, sem expectativas. Nisso nós paramos, olhamos ao nosso redor, e percebemos que quem nós achávamos que poderíamos contar desapareceu, que nosso “Mestre dos Magos” nos abandonou e que temos que sair sozinhos dessa situação. Vemo-nos presos em um reino estranho, na nossa própria “Caverna do Dragão”, e nos damos conta de que a vida pode ser muito mais que uma passagem, um fase, nós vemos que a vida é muito mais intensa do que imaginávamos, e que para vivê-la teremos que tirar coragem de onde não temos, para lutar contra dragões, monstros, gigantes, serpentes, entre outros que cruzarmos nesse difícil caminho, teremos que enfrentar nossos próprios monstros, sejam eles interiores ou exteriores. Pois bem, nesse longo caminho, ao qual somos constantemente testados, nos cabe a reflexão: Seremos aqueles que lutarão por uma liberdade, seja ela como for, ou seremos aqueles que abaixarão a cabeça diante das dificuldades, e esperarão que alguém lute, ou que simplesmente não esperarão, apenas existirão, e farão sua passagem apagada nesse reino tão complexo chamado vida?

Assim como no ultimo capítulo de Caverna do Dragão, muito bem escrito por Michael Reaves, deixo no ar, meus mais internos questionamentos: Seria a vida um teste? Será que precisamos passar por ela pra chegarmos a algo mais? Ou deveríamos esquecer os fins e valorizar os meios, viver a vida intensamente, vencer nossos medos e mergulharmos de cabeça nesse reino misterioso? Será que toda luta deve ser direcionada a um lugar onde queremos chegar, ou esse lugar não passa de uma ilusão? Nós realmente devemos ir, ou já estamos onde devemos estar? Minha resposta é: Não sei. Como na história prefiro não ter um final definido, prefiro não entender o que me espera, prefiro não ter um “Mestre dos Magos” pra me guiar. Meu único desejo é que eu tenha alguém comigo pra me dar forças, pra lutar junto, essa é minha única certeza: Não quero viver sem ter alguém pra chamar de amigo. Se vou ser feliz, se me libertarei das minhas amarras, se terei tempo de me recuperar dos meus erros, de ter os amores que perdi de volta, se serei o mocinho que vira bandido, ou vice e versa, só o tempo é quem vai me dizer, só quero forças, só quero saber usar bem as armas que tenho a minha disposição, e como Hank, Eric, Diana, Sheila, Presto e Bobby, viver minha aventura mesmo que ela não passe de uma ilusão e que eu nunca saiba onde irei chegar, ou que nunca chegue em lugar nenhum...

                                                                                                                   Vinicius Souza



Segue link do ultimo episódio de Caverna do Dragão em quadrinhos:

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Vou...

Não sei se vou
Se vou ficar
Se vou sair
Se vou falar
Se vou ouvir
Mas vou tentar
Vou impedir
Vou reclamar
Se vou dizer
Se vou levar
Vou repetir
Vou acabar
E assim me vou

Vou te amar...  

                                                Vinicius Souza